sexta-feira, 2 de setembro de 2011

(IN)DEPENDÊNCIA

Chegou o mês das flores. Setembro nem bem surge e o que primeiro vem à cabeça dos brasileiros? Os atentados terroristas às torres gêmeas em Nova Iorque há 10 anos. Depois disso talvez alguns se lembrem da independência do país. A própria mídia coloca em primeiro plano o apocalíptico 11 de setembro. Há especiais, releituras dos fatos e tudo mais que chame à atenção.
Que o brasileiro é patriota, ou pelo menos demonstra ser, apenas em época de Copa do Mundo todos sabem. Mas essa carência de patriotismo seria algo intrínseco dos brasileiros ou algo que vem sendo moldado por quem tem tal capacidade e poder? Ou quem sabe ainda, por realmente não haver motivo para se orgulhar. Pelo contrário, o que mais há é motivo para fingir que nem conhece.
Ao que parece, cada um tem sua parcela de culpa. Os brasileiros, naturalmente, não têm esse espírito patriótico, pelo menos os da minha época. A mídia, que poderia ajudar um pouco, não ajuda. Os políticos, a meu ver, não têm interesse nenhum que esse sentimento esquente no peito do povo. Afinal, o próximo passo seria a cobrança, a fiscalização e a cassação. E tanta coisa errada desestimula a maioria.
O caso é que a independência foi declarada. Só não se pode garantir é que ela foi assimilada e muito menos vivida. Cento e oitenta e nove anos depois, é difícil garantir que essa tão falada, tão famosa, tão gritada independência exista e seja desfrutada plenamente. Ou ao menos exista, mesmo que não se possa desfrutar, na intensidade que as pessoas a imaginam.
O país não depende mais de Portugal. Mas o povo depende do país e este não cumpre com suas obrigações mais básicas. Não ter uma vaga na creche para deixar o filho, não ter um a vaga na universidade, não poder comer o mínimo necessário ficar doente e não ter dinheiro para comprar um remédio, sair de casa e não ter certeza que vai voltar é ser dependente?
“Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil” diz o Hino da Independência.  A questão não é morrer pelo país. A grande questão é que para morrer é necessário estar vivo. E o que se vê por todo o país é uma completa ausência de vida. Um terceiro estado do ser humano. Entre a vida e a morte. Um constante perambular pelas ruas, pelos canais, pelos discursos e promessas, pela vida. Sempre à espera da real independência.

Um comentário:

  1. Você tem razão ao falar que os políticos de nosso país não têm interesse em manter nosso espírito patriótico. Começam pelos absurdos que cometem à frente dos cargos que ocupam e terminam por viajar para verdadeiros paraísos fiscais, onde esbanjam dinheiro do povo pagando seus luxuosos desejos!

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