quarta-feira, 10 de outubro de 2012

AS CHAVES DA PRISÃO


Desde sempre estamos presos. Presos por alguns poucos que dizem em todo canto que somos livres, que podemos escolher nosso destino, que temos o voto. O voto, porém, está longe de fazer cair todas as grades que nos cercam. Pode ser o começo, pode até ser a chave, mas não adianta colocar a chave na fechadura se não houver vontade alguma em rodá-la.

Que o voto é um direito muito importante que temos, não tenho dúvida, assim como não questiono a importância que ele tem na efetividade da nossa cidadania. O que se deve questionar é que a mídia, a grande (pequena?) mída fala do voto como se fosse a única e principal forma de exercer a cidadania. O voto é esporádico, a exploração e a corrupção é diária, é interminável, é convarde.

De nada adianta votar e ficar 4 anos sem se preocupar com o que acontece na política. Essa alienação que, infelizmente, impera na sociedade é uma sensação de liberdade, que é imensamente pior que estar preso. Liberdade mesmo é protestar, é cobrar, é se indignar. Em resumo, liberdade é pensar. E não precisa ser nenhum gênio para pensar, basta querer. Basta olhar ao redor, ver o que está errado e o que precisa melhorar. Drummond disse que "cego talvez é quem esconde os olhos embaixo do catre". E o que não falta hoje em dia é catre para se esconder.

Além dos que nos querem apenas pensando que somos livres, existem outras pessoas que fazem um grande desfavor para a sociedade. São os famosos bajuladores, essas pessoas que fazem de tudo para pegar algumas migalhas que caem lá de cima. Defendem os seus "patrões" com todo afinco, usam da ignorância alheia para passar inverdades atrás de inverdades. Além de serem coniventes com o que é feito nos corredores e porões dos castelos, ainda usam de má fé para ludibriar o povo.

O voto pode até se a chave que nos tira dessa prisão, mas o que faz com que a chave abra a fechadura é nossa presença, nossa cobrança, é nosso olhar atento a tudo que acontece. Só nossa insistência em combater a corrupção é que vai realmente nos libertar. Apesar de cada vez mais aumentar o número de gente que só se preocupa com sua conta bancária, com seus prédios, suas fazendas, seus empregos, os bons ainda são a maioria. Não adianta, contudo, ser maioria e não agir.

P.S.: texto descarademente inspirado pelas músicas 'Somos quem podemos ser' e 'O exército de um homem só II', dos Engenheiros do Hawaii, no poema 'Confissão', do itabirano Drummond e na política de um pseudo-feudo qualquer.