quinta-feira, 27 de outubro de 2011

SETE BILHÕES DE (IM)PERFEIÇÕES

Na próxima segunda-feira a Terra conhecerá seu habitante de número sete bilhões. É o que diz a ONU, de acordo com seus levantamentos em todo o Mundo. O número sete é tido como o número da perfeição. Depois de um trabalho árduo e cansativo (que, aliás, não está sendo bem cuidado) o criador deu a si próprio o direito de descansar no sétimo dia. Os humanos, no entanto, não estão esboçando intenção de descansar ou pelo menos diminuir o ritmo.
A população mundial aumentou em um bilhão de pessoas nos últimos doze anos e a previsão é de que atinja o oitavo bilhão em quatorze anos. É mais de uma década vivendo na casa da perfeição. Não seria uma má idéia começar agora, antes que seja mais tarde ainda, a buscar uma perfeição ou pelo menos um modo de viver mais harmonioso, mais equilibrado, mais sóbrio.
Até quando o planeta vai suportar tanta gente? As mudanças climáticas não são mais apenas profecias apocalípticas ou um mero enredo de filmes hollywoodiano. As catástrofes já batem á porta da humanidade. Enquanto o deserto do Saara engole numa velocidade incrível o continente africano as chuvas destroem casas e vidas em outras partes do planeta.
Um aumento tão grande sem a infra-estrutura necessária gerará, com certeza, incontáveis transtornos. Terras férteis vão aos poucos se tornando incultiváveis e a população se vê obrigada a migrar, a deambular em busca sobrevivência. Ainda há os que migram para fugirem de guerras, desemprego e ditadores.
E não é só lá na África que as coisas acontecem não. Aqui também há e haverá problemas. Para onde irá o excesso de brasileiros? Com certeza esse excesso não irá morar em mansões, em palácios comprados com o dinheiro público. Com certeza ele não terá voz e não terá emprego. Esses brasileiros em excesso serão empurrados para as periferias das capitais e se depender dos homens lá de cima, nem de ser chamados brasileiros terão o direito.
Na segunda-feira seremos sete bilhões de seres imperfeitos. E a imperfeição não está apenas na falta de consciência em cuidar do meio ambiente. Vai muito além. Somos imperfeitos na hora de votar, somos imperfeitos na hora de cobrar os direitos, na hora de educar os filhos. Somos imperfeitos e estamos muito longe de tirar esse prefixo. Mas essa distância não pode ser empecilho para tentar.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A MATEMÁTICA DO VEREADOR

Uma crítica bem fundamentada e bem feita é extremamente melhor para o crescimento do ser humano do que um elogio. Se a pessoa nunca é criticada é porque ela não tem defeitos ou porque seus defeitos estão sendo encobertos, propositalmente ou não. Sabendo-se da impossibilidade da primeira opção, resta a segunda. Uma avalanche de elogios sufocando as críticas.
A maioria dos candidatos tenta ganhar seus votos à custa de críticas aos adversários, quando deveriam colocar na mesa suas próprias qualidades e defeitos. Sobem no palanque de mãos dadas com os partidários (ou seriam apenas animadores de palco?) e descrevem uma lista de defeitos alheios. Falam da roupa, da família e dos bens. Se não fez obra é incompetente, se o fez, fez mal feito.
O que mais se vê no cenário político é um indivíduo sendo acusado pela oposição e todos seus companheiros de legenda o protegendo. A famosa blindagem. Seus defensores vão à bancada para defendê-lo e simplesmente citam erros e mais erros dos adversários, como se o erro do adversário desse a ele o direito de errar também. Como se fosse uma disputa de erros. Só é punido quem tiver o maior.
Num grupo, seja político ou não, onde há uma ideologia compartilhada, o verdadeiro papel dos componentes deste grupo é prezar pelo grupo. E por isso deveriam ser os primeiros a criticarem. Como uma família onde os pais são responsáveis por manter a ordem, os partidários deveriam também dar uns puxões de orelha nessas ovelhas desgarradas.
Infelizmente é sempre assim. O cruzeirense coloca defeito no time alvinegro em vez de colocar no seu. Os do partido A, em vez de pedir a cassação dos corruptos do partido, dizem que o partido B que roubou primeiro. O candidato da oposição, em vez de criar uma proposta verdadeira e possível de se cumprir, faz sua campanha em cima de erros da situação.
E junto com isso vêm todas as desculpas pra lá de esfarrapadas. “O aumento foi aprovado porque a legislação permite”. Permitir é muito, mas muito diferente mesmo de obrigar. “Votei sem me atentar para o valor”. Desatenção acontece com todo mundo mesmo, matemática é muito difícil e não há ninguém para se consultar. “O pão de 9 vai ser agora dividido em 13”. Se um pão para 9 é suficiente para 13, então um pão para 5 seria suficiente para 9.