quinta-feira, 8 de setembro de 2011

DEUS RESOLVEU GRITAR

A deputada federal pelo Distrito Federal Jaqueline Roriz escapou de perder seu mandato e o direito de se eleger pelos próximos oito anos. Os parlamentares votaram contra o pedido de cassação da companheira. A excelentíssima foi flagrada num vídeo recebendo dinheiro de um dos envolvidos no famoso mensalão do DEM, no ano de 2006. Em sua defesa, a deputada disse que na época não exercia nenhum mandato e por isso não deveria perder seu mandato.
Pois é, não perdeu. A deputada deve ter ficado com uma imensa vontade de agradecer pessoalmente, um a um, a todos os 265 companheiros pelos votos que garantiram sua permanência. No entanto, é bem provável que ela não tenha conseguido. Não por falta de tempo, pois tempo não costuma faltar aos políticos quando se trata de tapinha nas costas. Não conseguiu pois a votação foi secreta.
Essas tais votações secretas são como uma bala perdida. Ninguém sabe quem atirou, mas no fim todo mundo vê quem levou o tiro. Ninguém sabe quem são os 265 eleitores pró Roriz, mas todos sabem quem são os prejudicados toda vez que um político desonesto é mantido lá numa redoma de vidro feita pelos partidos e aliados. Se os deputados representam (ou não) o povo no Congresso, não seria direito dos eleitores saberem o que seus eleitos pensam e fazem?
A verdade é que, salvo raras exceções, ninguém lá de cima liga para o que as pessoas pensam, isso quando elas pensam. Fazem as coisas como bem entendem. Só querem saber de garantir o futuro, de fazer amizades, agradar um aqui e outro ali. Ajudar o colega para ter um favor para cobrar. Votam seus projetos madrugada a fora enquanto os trabalhadores dormem, votam escondidos e se escondem por quatro anos.
Esta semana, a população de Arcos deu um grande exemplo de cidadania. Em reação ao aumento de 43,3% nos salários dos nove edis meus conterrâneos lotaram o Palácio do Legislativo. Houve vereador que disse ter votado sem prestar a devida atenção, outro mudou de opinião com a pressão popular e um projeto para a revogação do aumento acabou sendo apresentado.
Se a voz do povo é realmente a voz de Deus, pode-se dizer que agora Deus resolveu gritar. O padre, o empresário, a jornalista, o estudante e todo mundo que estava lá na noite de terça mostraram aos nove vereadores e a todos que pretendem fazer parte do time futuramente, que o povo não só tem como está aprendendo a usar sua força. “Todo poder emana do povo...”, é o que diz a Constituição Federal. É o que os arcoenses mostraram e os vereadores aprenderam, espero.

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